Dom Edson Oriolo acaba de publicar o livro “Francisco, bispo de Roma e a Igreja particular” através do qual quer abrir horizontes para que se conheçam melhor a missão, a visão e os valores da Igreja, em suas instâncias de evangelização, na convicção de que sua ação missionária deve produzir resultados. O autor pretende resgatar conceitos fundamentais sobre o ministério peculiar do bispo de Roma e sua relação com as Igrejas particulares, “nas quais e pelas quais subsiste a Igreja católica una e única” (LG 23). O livro é fruto da preocupação do autor, bispo da diocese de Leopoldina-MG, em entender a Igreja como continuadora da missão de Jesus Cristo e tem como objetivo principal despertar a reflexão sobre a importância da relação entre o bispo de Roma e as Igrejas particulares.
Na apresentação do texto, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo destaca que este estudo interessante e oportuno de Dom Edson Oriolo retoma a questão do primado do Papa na Igreja e sua relação com os bispos e as Igrejas particulares, e destas com ele. Logo após sua eleição, no dia 13 de março de 2013, o Papa Francisco se apresentou à Igreja e ao mundo como “bispo de Roma”. Muitas pessoas ficaram pensando sobre o significado dessa autodenominação. Outras até questionaram, se o Papa não estaria diminuindo a sua importância e missão na Igreja, apresentando-se apenas “bispo de Roma”.
Na verdade, - continua dom Odilo -, Francisco estava indo ao significado originário da identidade e missão do Papa. O conclave reunido tem a missão de escolher o bispo da sede de Roma, vacante por morte, renúncia ou impedimento do Papa, caracterizando-se como uma diocese sem bispo. O fato que faz toda diferença, é que não se trata de uma diocese qualquer, mas da sede do apóstolo Pedro, que recebeu a missão de confirmar os irmãos na fé e de ser o representante visível e universal da Igreja. Aquele que é eleito bispo de Roma torna-se, ao mesmo tempo, sucessor do apóstolo Pedro, primeiro bispo de Roma, com a missão de ser pastor universal da Igreja. A bem da verdade, não deveríamos dizer que o Papa é o bispo de Roma mas, ao contrário, que o bispo de Roma é o Papa.
O arcebispo de São Paulo enfatiza que em nada ficam diminuídas as competências do Papa em relação à Igreja inteira mas, pelo contrário, sua responsabilidade e relação com os bispos e toda a Igreja ficam mais bem caracterizadas. O Papa não está acima da Igreja, mas dentro dela, como seu servidor maior -“servo dos servos de Deus”. Enquanto Bispo de Roma, ele é sucessor de Pedro na missão de animar a vida eclesial inteira, contando para isso com a participação colegial de todos os bispos em comunhão com ele. Cabe-lhe manter a Igreja unida na fé e na caridade; ao mesmo tempo, zelar para que a evangelização seja promovida em todo o mundo e a vida cristã, despertada e alimentada nas comunidades cristãs.
Dom Edson também mostra que a boa compreensão da missão do Papa em relação à Igreja inteira ajuda a compreender melhor a missão de cada bispo em sua diocese. O Papa preside a Igreja particular de Roma e a Igreja inteira. Cada bispo preside a sua Igreja particular e participa colegialmente da responsabilidade pela vida e a missão da Igreja inteira. Por aí se torna mais claro o conceito de “Igreja sinodal”, que o Papa Francisco coloca em evidência atualmente. A Igreja não é obra de um só, ou de uns poucos. Ele é feita por um povo inteiro, que caminha junto e em comunhão, antes de tudo, com Jesus Cristo, e animada pelo Espírito Santo.
Na Igreja, todos têm o seu espaço e seu papel, conforme o dom que cada um recebeu do Espírito Santo, a começar, pelo dom do episcopado do Papa e de cada bispo e ministro ordenado, mas também de cada batizado. A Igreja não é uma organização, onde alguns poucos têm responsabilidades e os demais são beneficiados. A participação é fundamental numa Igreja sinodal, envolvendo também a missão da Igreja. O mandato missionário recebido de Jesus Cristo é exercido por todos os membros da Igreja, cada qual mediante o dom recebido do Espírito Santo.
Francisco expressou esse desejo de participação de todos na missão da Igreja e na missão dele próprio mediante os dois pedidos que fez ao povo, na sua primeira aparição pública, como Bispo de Roma, na sacada da basílica de São Pedro. Inclinando-se diante do povo, pediu este o abençoasse. E insistiu, como ainda insiste com frequência: “por favor, não se esqueçam de rezar por mim”.
Cardeal Odilo Pedro Scherer encerra seu texto, congratulo-me com Dom Edson Oriolo pela publicação deste livro sobre o Bispo de Roma, em estilo didático e de fácil leitura. Compreender bem a missão do Papa, é compreender melhor a Igreja. Faço votos que muitos possam ler e se beneficiar deste belo trabalho.
Vatican News