O Brasil tem apenas 52 emergências psiquiátricas, o equivalente a uma unidade para cada quatro milhões de habitantes. A falta de suporte para quem sofre de transtornos mentais foi constatada por um estudo da Universidade de São Paulo (USP).
Como se não bastasse o sofrimento da descoberta de doenças psiquiátricas, as famílias não encontram no sistema público uma emergência com estrutura para um atendimento adequado. O estudo publicado por pesquisadores da faculdade de medicina da USP mostra que, nos últimos quatro anos, um quarto das unidades de saúde mental deixou de existir no país.
"Um país do tamanho do nosso país ter 52 emergências psiquiátricas é muito impactante, a gente está deixando muita gente desassistida, muita gente sem o devido atendimento frente a uma emergência psiquiátrica", afirma Cintia de Azevedo Marques, autora do estudo e professora da USP.
No estado de São Paulo, 18 unidades de saúde oferecem atendimento emergencial a pacientes com transtornos mentais. Um dos problemas enfrentados, de acordo com a pesquisa, é a falta de medicamentos específicos para o tratamento.
Em 83% das emergências psiquiátricas pesquisadas, não há espaço adequado para receber crianças e adolescentes. Além disso, 59% sofrem com a superlotação, 59% com a falta de camas de hospital e 52% de médicos psiquiatras.
"A saúde mental precisa ser levada a sério, ela tem que ser encarada como toda e qualquer doença que alguém pode ter, então se temos uma emergência pediátrica, obstétrica, neurológica, ortopédica, clínica, precisamos ter uma emergência psiquiátrica", diz Cintia.