Um trabalho
pericial em conjunto entre os estados de Sergipe e Alagoas será realizado nos
cânions do Rio São Francisco, que fica geograficamente localizado na divisa
entre os dois estados nordestino. A ação em conjunto deve conter com a
participação de profissionais do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), técnicos da
Defesa Civil, professores e pesquisadores universitários, além de peritos da
Marinha do Brasil, com a finalidade de estudar o índice de vulnerabilidade das
rochas que compõem o ambiente turístico. A perspectiva dos dois estados é
reduzir ao máximo o risco de colapsos, seguido de tragédia, conforme registrada
na tarde do último sábado (08), na região de Capitólio, em Minas Gerais.
Mesmo confirmando, inclusive, o já diálogo realizado entre os estados vizinhos,
o governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado do Turismo, revelou que
não há perspectiva de quando as análises serão realizadas, tampouco por qual
área esses estudos devem ser iniciados. Por parte da gestão estadual foi
destacado que, apesar do susto – seguido de lamentação -, provocada pela
tragédia mineira junto a milhões de brasileiros, os canions que compõem o
cenário do Velho Chico não apresentam indícios de irregularidade provocada seja
por efeitos naturais, ou por intermédio dos seres humanos. Por enquanto não há
restrição aos passeios turísticos na região localizada no Norte sergipano.
Segundo o secretário Sales Neto, é preciso restabelecer a tranquilidade dos
turistas.
“Essa intervenção técnica tem como principal objetivo estudar com rigor todo o solo regional, identificar que a segurança do espaço segue intocável, e, desta forma, conseguir restabelecer a tranquilidade das pessoas. O objetivo é que a gente faça um trabalho preventivo. Mas antes é preciso deixar bem claro: não há em nossos cânions características semelhantes àquelas que são encontradas em Minas Gerais, lá no Capitólio.
Por exemplo, os nossos cânions não possuem
cachoeiras em cima das estruturas rochosas. Além disso, nossa situação
pluviométrica é mais confortável. Lá em Minas chove muito”, declarou. Essas
informações estão sendo compartilhadas com as agências de turismo que operam
diária, ou semanalmente, em Canindé do São Francisco.
Conforme apresentado pelos gestores estaduais, o Cânion de Xingó foi formado no ano de 1994 pela hidrelétrica que fixa entre os municípios Canindé e de Piranhas (AL). Ao todo são 62 km² de espelho d’água, onde, em alguns desses locais a profundidade chega a atingir até 170 metros. Por medidas de segurança – ainda que não haja nenhuma proibição envolvendo o turismo ou trânsito de lanchas e motos aquáticas no local -, a Marinha do Brasil exige que todos os visitantes e condutores de embarcações utilizem coletes em tempo integral. O uso desse Equipamento de Proteção Individual deve ocorrer desde o atracadouro das lanchas, até o final do passeio. Distante a cerca de 190 km de Aracaju, o local chega a contabilizar aproximadamente 100 mil turistas por ano.
Cautela – De acordo com Mara
Santiago, gerente de uma agência de turismo e viagens situada na Orla de
Atalaia, em Aracaju, por conta própria uma cartilha foi desenvolvida ainda
durante o último final de semana, e até amanhã, deve ser compartilhado aos
turistas, condutores de vans e embarcações cadastradas junto a respectiva
empresa. Entre as orientações consideradas básicas está a vigilância em tempo
integral durante o momento de lazer; a necessidade de deixar o espaço em
caráter imediato em caso de colapsos de pedras [independente do tamanho]; uso
de coletes e jamais tentar escalar os paredões de rochas sem que esteja
acompanhada de um guia especializado.
“Não são orientações novas, muito pelo contrário, são dez tópicos, sendo que
sete são de total conhecimento de qualquer cidadão adulto, a exemplo do uso de
colete contra afogamento e respeito total às orientações apresentadas pelos
marinheiros. Infelizmente a tragédia em Minas Gerais provocou um choque de
realidade nas pessoas, e, antes que os governos [municipal e estadual] exijam
informativos enaltecendo as ações de prevenção contra acidentes, nós já nos
antecipamos”, destacou.
O governo de Sergipe informou que irá divulgar a data e o resultado das perícias assim que elas forem concluídas.