A maior inflação nos meses de setembro desde 1994 fez com que apenas 9,5% das negociações trabalhistas com data-base no mês resultassem em ganho real (acima da inflação) para os trabalhadores, de acordo com dados do Salariômetro divulgados nesta sexta-feira (21) pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Conforme o levantamento, 67% das negociações encerradas fizeram os trabalhadores amargar uma perda real. As demais 23,5% apenas igualaram os reajustes ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
A pesquisa revela que o reajuste recebido pelos profissionais foi, em média, de 7,3%, o que representa uma defasagem de 2.8 pontos percentuais em relação ao INPC acumulado nos últimos 12 meses, de 10,25%. Na análise mediana, que reduz as distorções entre as maiores e as menores variações, a perda foi de 1.9 ponto percentual, dado que mantém os reajustes abaixo do índice de preços pelo terceiro mês seguido.
De acordo com o levantamento, feito com base em dados do Ministério da Economia, o mesmo percentual de reajuste foi firmado tanto pelos acordos quanto pelas convenções coletivas. Com a atualização, o piso médio oferecido aos trabalhadores nas negociações ficou em R$ 1.396.
O Salariômetro mostra ainda que a manutenção das projeções da inflação perto dos dois dígitos para os próximos meses reduz o espaço para que os trabalhadores sejam gratificados com ganhos reais.
Na comparação entre os setores, apenas o comércio atacadista (0%) optou por manter o poder de compra de seus profissionais. Os segmentos de refeições coletivas (-8,4%) e hospitais e serviços de saúde (-7,2%), por sua vez, proporcionaram as maiores perdas.
Já na análise entre os estados, que somaram cinco ou mais negociações no período de apuração, somente o Rio Grande do Sul (0%), Santa Catarina (0%) e o Paraná (0%) não permitiram perdas na remuneração de seus profissionais. Por outro lado, o Rio de Janeiro (-4,9%) trouxe a maior perda mediana real.