Os cantores e músicos, especialmente dos grupos de serestas de Estância e do estado de Sergipe, estão consternados com a notícia triste do falecimento da cantora e instrumentista, Maria Valdice Corrêa de Jesus, ocorrido no último sábado, 12, na cidade de Estância.
Dona de uma bela voz, autodidata e excelente intérprete da música popular brasileira, Maria Valdice, como era conhecida no mundo musical e artístico sergipano, gostava de participar de momentos festivos em rodas de amigos, quermesses religiosas, shows de calouros e de festas em bares e restaurantes, tanto de Estância, quanto de Aracaju e Maruim. Outra informação, ela chegou a participar como intérprete de uma música no Festival Estanciano da Canção (FEC).
De acordo com sua cunhada, a ex-conselheira tutelar, Marinês, a cantora Maria Valdice, chegou a ser contratada por donos de restaurantes das cidades de Aracaju e de Maruim, para animar esses ambientes comerciais com sua linda voz e executando o seu inseparável violão, o qual aprendeu a tocar ainda adolescente, na sua querida cidade natal, Santa Luzia do Itanhy, na qual nasceu no dia 23 de março de 1952.
Vindo residir ainda na sua adolescência, na Rua do Quilombo, em Estância com sua mãe, Maria Corrêa de Jesus (que encontra-se gozando dos seus 98 anos), Maria Valdice sempre teve vontade e disposição para aprender a cantar e tocar violão.
Maria Valdice em momento de lazer com a família
Nos tempos áureos do rádio, Maria Valdice se apresentou por várias vezes dos programas e shows de calouros da Rádio Esperança AM, 1250 Khz, criada pelo jornalista e engenheiro Jorge Prado Leite, e até na Rádio Aperipê – AM (Atacaju). Ela chegou a cantar toda semana no programa “Seresta e Seresteiros”, que acontecia aos sábados na emissora estanciana na época dos locutores Sivaldo Silva e Fernando Silva e fazia companhia aos demais cantores como Pêu, Gilvan, Tonho da Vila, Luiz Alberto, Cristina, Nailton Teixeira, Genísio Natureza, Tael, Brasinha, Aluísio França, Teminho, Wilson Miranda, Denilsa Miranda, Gerusa, Rute Batista, Zetinha e tantos outros.
Nos finais de semanas, Maria Valdice era sempre convidada por amigos e amigas para participar de festas e das serestas costumeiras, que sempre ocorriam em Estância nos bares, restaurantes ou nas casas de conhecidos.
Com a proibição das serestas, que costumavam ir até altas horas da noite no município de Estância, Maria Valdice e outros cantores que gostavam desse tipo de evento, teve que parar de participar do movimento, mas não de cantar e tocar seu violão, ato este, que fazia com que a artista pudesse se encontrar com a musicalidade do passado, principalmente com aqueles ritmos românticos que ela mais gostava de cantar da música popular brasileira.
Com o desparecimento do movimento seresteiro em Estância, do qual Maria Valdice, quando convidada fazia questão de participar, ela ficou muito triste, abatida e sentimental, daí, de acordo com sua cunhada, ela ficou esquizofrênica há cinco anos. E com a chegada da Coronavírus, a situação de isolamento de Maria Valdice piorou, quando ficou distante dos amigos e do mundo musical. Embora, ela ainda continuava cantando e tocando, porém, em sua própria casa.
Maria Valdice nasceu com problema visual, e antes de sua morte, que foi de infarto no seu leito, localizado no bairro Cidade Nova, onde residia há vinte anos com sua cunhada e seu irmão Robson, ela passou duas semanas internada entre os hospitais de Estância e de Aracaju, quando sofreu uma cirurgia no fêmur e depois de alguns dias de recuperação, veio a falecer no dia 12, Dia dos Namorados.
Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, no mesmo bairro que estava residindo.
Por Magno de Jesus
Redação Tribuna Cultural