A sorte nossa é que o Brasil não estaciona nem anda com freio de mão ligado, e a nossa agricultura é muito forte e independente, não cai na panela de pressão dos políticos nem bebe no copo sem fundo da politicagem comprometida até a tampa.
Olha que entra crise e sai crise e os homens da linha de frente da produção continuam vivendo suas vidas – tocando pra frente seus negócios e salvando a economia desse nosso país imbicado pra baixo, feito navio procurando o fundo do mar.
Já pensou se o homem do campo - esse produtor de “milagres” aprendesse a linguagem da engrenagem politica e cuidasse dos afazeres da sua lida diária com o mesmo relaxamento dos três poderes (!) aí não seria tão somente uma pandemia viral mas, também, uma outra mais letal: a fome mortal radical geral! Seria uma historia desproporcionalmente mais trágica, uma calamidade sem precedente.
Competentemente - não existe outro adjetivo mais propício -, nossa agroindústria é tipo um grande rio caudaloso que segue em frente seu curso, formando cachoeiras, recebendo afluentes e mais afluentes, e não para, não se esgota. Salve, salve essa gente que alimenta o Brasil e parte do mundo.
Apesar de tudo, estamos aí (...) um ano e meio de pandemia, quase meio milhão de mortos, e, só agora é que estamos atingindo a vacinação de 40 e poucos milhões de cidadãos, menos de 20% da nossa população. Tivesse tido vacina suficiente, nesses 60 e poucos dias, com a capacidade comprovada do SUS, metade da população já estaria imunizada, e, lá pelos meses de setembro – no mais tardar até outubro, todos os brasileiros - protegidos da Covid-19; e o número de mortes, segundo cálculos abalizados, cairia para menos da metade; por outro lado, a economia caminharia por outro patamar, mais condizente com o momento, menos quebradeira, menos desespero, menos estressante, e, nível de desemprego suportável.
Em consequência a ajuda do governo seria mais digna e mais prolongada; menos dolorosa, com mais real no real. O certo é que tudo seria diferente; todo mundo falando o mesmo idioma e todo mundo se entendendo – muito longe dessa “briga de cachorro doido” com medo de Lobisomem.
Depois de tudo, de enganos, enganação, desenganos, mortos e feridos, para completar o “churrio” (no linguajar gaúcho) me aparece no ar, uma campanha de mídia nacional, de milhões e milhões de reais (que eles a chamam de educativa e/ou de conscientização) com a presenças do Zé Gotinha e família, dizendo o que já devia ter sido dito no inicio da pandemia, antes da aplicação das primeiras dozes - quando tudo era um ‘lusco fusco’.
Agora é mesmo que ensinar padre nosso a vigário - ou dizer que rapadura é doce!
O povo vive sonhando com a possibilidade de tomar logo a vacina, vive assombrado com a falta dela, se acordando de madrugada, pegando transporte, participando de filas quilométricas, na chuva e no sol, consciente do seu dever de luta pela própria vida. Portanto, senhores ‘demagogos retardados do século XXI’, depois de mais de um ano desse “lenga-lenga” deplorável e criminoso, não tem mais ninguém precisando que alguém diga: “vá se vacinar porque só a vacina protege”.
O povo é quem pergunta todos os dias: Cadê as vacinas?!
Valfran Soares - publicitário, compositor e poeta