A recuperação da indústria mundial de transporte aéreo em 2021, que já era lenta e insuficiente para compensar o que se perdeu na pandemia, parece ter se desacelerado. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que reúne as companhias aéreas do planeta, reviu para baixo sua projeção para o ritmo da recuperação neste ano. Em dezembro do ano passado, a Iata previra que, em 2021, a demanda global por transporte aéreo de passageiros – medida em RPK, ou passageiros-quilômetros transportados com pagamento de tarifa – alcançaria 51% da registrada em 2019, isto é, antes da pandemia. Na mais recente avaliação, a estimativa ficou em 43%.
Poderia ser pior. O economista-chefe da Iata, Brian Pearce, observou, por exemplo, que, mesmo não conseguindo recuperar o que perderam na pandemia, as companhias aéreas devem ter perdas duas ou três vezes menores do que as que tiveram no ano passado. Há algum progresso, “mas teremos de esperar até 2022 para a indústria zerar os prejuízos ou voltar à lucratividade”, completou Pearce.
Ainda assim, as perdas são expressivas. Os prejuízos totais das companhias aéreas em 2021 podem alcançar US$ 47,7 bilhões; em dezembro, a previsão era de US$ 38 bilhões. As receitas com transporte de passageiros devem alcançar US$ 231 bilhões, mais do que os US$ 189 bilhões de 2020, mas muito abaixo dos US$ 607 bilhões de 2019.
O motivo principal para a piora das projeções para o desempenho do setor é o atraso nos cronogramas de vacinação contra a covid-19 em diversas regiões. Há grandes diferenças no ritmo de vacinação entre os países. Mercados importantes, como os dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde a imunização é rápida e eficiente (prevê-se que até junho 75% da população esteja imunizada), geram otimismo no setor. Mas em outros países a imunização é lenta. É o caso do Brasil.
O transporte de carga, ao contrário do de passageiros, vem crescendo. Mas, com receita esperada de US$ 152 bilhões, seu papel na recuperação do setor é limitado.
Nesse cenário, graças a medidas governamentais de alívio, corte profundo de custo e acesso ao mercado de capitais, algumas empresas “estão saindo da tempestade”, observou o diretor-geral da Iata, Willie Walsh. Outras estão acumulando dívidas em excesso.