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Brasil

EVASÃO ESCOLAR EM ALAGOAS SALTA PARA 17%

Problema se agrava na pandemia; em 2019, pouco mais de 31 mil crianças estavam fora da sala de aula e em 2020 foram mais de 124 mil

Publicada em 30/04/21 às 09:24h - 270 visualizações

Tribuna Independente / Evellyn Pimentel, com assessoria


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EVASÃO ESCOLAR EM ALAGOAS SALTA PARA 17%
 (Foto: Reprodução)
Ocenário social imposto pela pandemia e a falta de políticas públicas efetivas têm afastado mais de 120 mil crianças alagoanas da sala de aula, e o afastamento não é devido ao ensino remoto, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) a evasão escolar atingiu 124.106 crianças e jovens de 6 a 17 anos no estado. Os dados foram divulgados ontem (29) e refletem um cenário crítico.

Em todo o país 5,1 milhões de crianças e adolescentes estão foram da sala de aula, seja por conta da evasão, ou ainda por não estarem recebendo o acompanhamento de forma adequada. A situação é mais grave nas regiões Norte (28,4%) e Nordeste (18,3%), historicamente mais afetadas pelas vulnerabilidades sociais. As regiões Sudeste (10,3%), Centro-Oeste (8,5%) e Sul (5,1%) registram respectivamente.

“Em novembro de 2020, quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a escola (remota ou presencialmente). A eles, somam-se outros 3,7 milhões que estavam matriculados, mas não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram se manter aprendendo em casa. A exclusão escolar atingiu sobretudo crianças de faixas etárias em que o acesso à escola não era mais um desafio. Dos 5,1 milhões de meninas e meninos sem acesso à educação em novembro de 2020, 41% tinham de 6 a 10 anos de idade; 27,8% tinham de 11 a 14 anos; e 31,2% tinham de 15 a 17 anos – faixa etária que era a mais excluída antes da pandemia”, detalha o estudo.

Na avaliação do educador e representante do Sindicato dos Professores de Alagoas (Sinpro-AL), Eduardo Vasconcelos, as estatísticas demonstram a falta de preocupação do poder público com a educação. Segundo ele, tradicionalmente a educação é tratada como “falsa prioridade”.

“É altamente preocupante porque entra a questão da vulnerabilidade social, violência doméstica, trabalho infantil. É preciso haver políticas públicas de resgaste para colocar essas crianças em sala de aula, mesmo com as escolas fechadas. É algo preocupante. Até na rede privada o número de alunos que vem participando das aulas presenciais tem caído por conta do medo do recrudescimento da pandemia. Tenho um amigo que leciona numa grande escola de Maceió numa turma de 3º ano, de 42 alunos só estão presenciais 2 alunos, isso é muito sério. Essas crianças estão jogadas num estado de vulnerabilidade, jogados a violência ao abandono, ao desinteresse, ao não acesso à tecnologia, o que falta é política pública de colocar a educação como prioridade, a educação sempre foi uma falsa prioridade e estamos vendo isso na prática”, relata.

“País corre o risco de regredir duas décadas no acesso à educação”
 
O educador Eduardo Vasconcelos reforça que além da adoção de políticas públicas é preciso garantir o acesso à vacinação para os profissionais que atuam no segmento.

“Porque na verdade não colocar o profissional de educação como prioridade de vacinação é um erro. Embora haja um projeto para tornar a categoria como serviço essencial, mas precisamos ser prioridade também na vacinação. Há uma grande preocupação, enquanto educador, não só como representante da categoria, porque infelizmente toda  a pandemia não é só uma crise sanitária, e gera também uma crise econômica e muitos que tinham possibilidade de pagar uma escola privada, migraram para a rede pública, na escola estadual que eu trabalho nunca tivemos tantos alunos. É um número muito grande, quase cinco vezes mais estudantes afastados do convívio da escola, é preciso reverter essa situação”, pontua.

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) afirmou que acompanhou a divulgação dos dados. Segundo o órgão, as matrículas este ano apresentaram bons indicadores, são mais de 175 mil estudantes matriculados na rede estadual.

A Secretaria Municipal de Educação (Semed) foi procurada para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

Ainda segundo a pesquisa, o cenário reflete impactos severos na geração, principalmente nas crianças entre 6 e 10 anos. O estudo aponta que são duas décadas de retrocesso.

“Os números são alarmantes e trazem um alerta urgente. O País corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação, voltado aos números dos anos 2000. É essencial agir agora para reverter a exclusão, indo atrás de cada criança e cada adolescente que está com seu direito à educação negado, e tomando todas as medidas para que possam estar na escola, aprendendo”, afirma Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.




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