A Amazônia registrou um recorde histórico de alerta para desmatamentos em março de 2021, segundo dados do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) coletados a partir do Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real). Foram 367, km² no mês, contra 326,9 km² registrados no ano passado.
Na série histórica, que considera os dados desde 2015, o mês de março com maior devastação verificada pelos satélites foi em 356 km² em 2018. Considerando todos os meses do compilado, o pior foi julho de 2019, época em que o desmatamento na Amazônia atraiu atenção internacional, com 2,255 km².
Enquanto isso, porém, o desmatamento real caiu no primeiro trimestre deste ano. Cerca de 576 quilômetros quadrados foram destruídos nos primeiros três meses de 2021, uma queda de 28% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Mas a cobertura de nuvens, que pode obscurecer o desmatamento nas imagens de satélite, foi de 44-49% nos primeiros três meses do ano, maior do que 17-32% no ano passado, o que é apontado por especialistas entrevistados pela Reuters como um sinal de que os números podem não estar de acordo com realidade.
Também pesa contra isso o fato de que em março houve aumento de 12,4% no desmatamento, além do índice histórico de alertas. Dados anuais oficiais ainda mostram que o desmatamento atingiu a maior alta em 12 anos em 2020.
Já o governo Bolsonaro afirma que os dados mensais recentes apontam que uma dispendiosa ação militar lançada no final de 2019 para controlar queimadas e desmatamento está finalmente dando resultados.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi convidado para a cúpula do Dia da Terra do presidente dos EUA, Joe Biden, em 22 de abril com líderes mundiais, enquanto os dois lados tentam negociar um acordo para proteger a Amazônia.
Biden disse no ano passado que o mundo deveria mobilizar 20 bilhões de dólares em doação ao Brasil para impedir o desmatamento, ameaçando consequências econômicas não especificadas se o país não fosse bem-sucedido.