O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar os governadores que endureceram as restrições para conter a escalada da covid-19 durante transmissão em rede social nesta quinta-feira (11). Ele criticou medidas de isolamento adotadas, como toque de recolher em São Paulo e no Distrito Federal em determinados horários, e comparou a restrição a um estado de sítio.
Para Bolsonaro, o efeito colateral do lockdown é mais danoso do que o próprio vírus. Ele voltou a apontar os impactos do fechamento das atividades sobre o emprego, tendo como potencial consequência o aumento das tensões sociais.
"Temos um ano de lockdowns e o vírus continua aí", afirmou o presidente, que, na sequência, apresentou matéria do R7, que apontou aumento nos casos de abuso infantil em São Paulo, a "cidade que mais fecha", junto com conflitos familiares e assédio sexual.
"Ninguém quer morte, lamentamos toda e qualquer morte, agora saúde e economia andam juntas. Não pode criar massa de desempregados enorme no Brasil porque daí não vamos ter recursos para fazer nada, nem para comprar vacina", frisou o chefe do Executivo. "A pessoa com fome perde a razão, topa tudo", disse.
Bolsonaro afirmou ainda que não quer ser acusado de estimular a violência, mas disse que vê "problemas sérios" pela frente. "Nós sabemos quem está provocando esse problema", afirmou o presidente, numa referência aos governadores que decretaram lockdowns.
O lockdown foi classificado por Bolsonaro como "irresponsabilidade", citando que até o futebol e culto religiosos foram proibidos. Ele reforçou que emprego também é vida, criticando as medidas de isolamento.
"As medidas estão sendo usadas para prejudicar a economia. Entendo que o vírus mata, que tem que fazer todo o possível para evitar a morte. Mas desemprego leva à depressão, a brigas e ao caos. É isso que está acontecendo no Brasil", afirmou.
O presidente defendeu que as pessoas devem continuar trabalhando utilizando máscaras e lavando as mães, e afirmou que o efeito do lockdown é mais danoso que a covid-19. "O caldo vai entornar. A pessoa com fome perde a razão. Estou antevendo problemas sérios no Brasil, vão falar que estou estimulando a violência", disse o presidente, ser referindo a possíveis ameaças de saques, que ele já havia falado em pronunciamento no início da tarde.
Durante a live, falou de um caso de suicídio por causa de lockdown e leu carta de uma pessoa que havia se matado porque não estava conseguindo pagar dívidas.
Mais uma vez citou decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizou estados e municípios a definirem sobre medidas de restrição. "O Supremo decidiu que somos concorrentes. Os estados tomam medidas mais restritivas que as minhas. Quem decide na ponta da linha não sou eu, muitas vezes é o prefeito. É o estado de sítio."
Bolsonaro rebateu os ataques feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em coletiva na quarta-feira. Chamou Lula de "carniça" e "presidiário".