Circula nas redes sociais publicações que afirmam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha doado refinarias brasileiras para a Bolívia em 2006. “O gás tá caro? Só pra lembrar que eu doei a refinaria Bolívia e agora a gente paga uma fortuna pra comprar gás deles”, diz uma montagem com uma foto do político e do boliviano, Evo Morales.
A publicação já contava com mais de 300 mil compartilhamentos no Facebook até a manhã desta sexta-feira (15). Mas, após ser denunciada pela ferramenta de verificação do Facebook, concluiu-se que as afirmações não são verdadeiras. As informações foram checadas pelo Aos Fatos, AFP Checamos e Estadão Verifica.
Portanto, essas informações são falsas. As duas unidades da Petrobras na Bolívia chegaram a ser nacionalizadas em 2006 por Evo Morales e a decisão também afetou companhias de outros países, como França, Reino Unido e Espanha. Mas cerca de um ano depois, elas foram vendidas pela estatal brasileira por US$ 112 milhões.
O presidente da Petrobras na época, José Sergio Gabrielli, declarou que a transação havia sido justa e não acarretou prejuízos à empresa. Sendo assim, a transação não afetou no valor do gás de cozinha brasileiro, como sugere a imagem.
Os preços ficaram congelados de 2007 a 2014 e, apenas em 2017, os custos do gás começaram a variar com mais frequência. O gás começou a ter suas primeiras alterações mensais e, depois trimestrais, no governo de Michel Temer. Já a partir do início do governo de Jair Bolsonaro, em 2019, as mudanças começaram a seguir as oscilações do mercado internacional do petróleo.
A mudança que está acontecendo no valor do gás de cozinha atualmente foi anunciada pela Petrobras na semana passada. A estatal divulgou um aumento de 6% para o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), valor esse que já havia sido reajustado em 5% no início de dezembro. Segundo a empresa, o preço está sendo afetado pela alta demanda do produto durante o ano em 2020, provocada em sua maior parte pela pandemia do Coronavírus.
Em nota à imprensa, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que o país importa da Bolívia, em sua maioria, gás natural. De acordo com o órgão regulador, 1,2% do gás de cozinha consumido no Brasil vem do país vizinho.
