A Universidade Federal de Sergipe (UFS) realizou um estudo sobre o avanço do coronavírus em Sergipe, onde aponta um novo pico de contágio em massa entre os dias 20 de março e 10 de abril. De acordo com o professor Lyssandro Borges, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, há também tendência de elevação no número de óbitos pela doença no estado.
O aumento no número de infectados é constante desde o segundo semetre de 2020 em Sergipe, sendo ainda maior no final do ano, quando registrou crescimento de 40% de novembro para dezembro. Desde então, só tem aumentado.
Segundo o professor Lyssandro, na pesquisa da UFS foram utilizadas três plataformas com algoritmos de cálculos, onde avaliaram todo o parâmetro da doença. "Avaliamos dado por dado, óbitos diários, e média móvel que os convênios com grupos de rádio e televisão fazem. Mas, também, temos o Covid Analicts que diariamente avalia os casos pontualmente e, assim, a gente pode projetar estatisticamente”, explica.
Para ele, diante dos resultados, está nítido que o problema é muito sério e, se nada for feito a partir desta semana, poderá haver pico de contágio entre março e abril, além de aumento no número de mortes, e ocupação total dos leitos de UTI.
“As atitudes dos governantes têm colaborado para o aumento, porque a população se espelha muito, e há um menosprezo muito grande da doença. Com isso, as pessoas abandonaram as medidas necessárias para conter o avanço da covid-19, que são um conjunto, como o uso de máscaras, álcool gel, distanciamento”, afirma.
E continua. “Também não adianta o governo circular qualquer medida que seja, se a população não fizer a parte dela. O que adianta estipular que uma loja tenha que funcionar com termômetro, álcool gel, e aí você vê que a loja não está fazendo nada disso, e as pessoas não estão utilizando máscara? As pessoas têm que fazer a parte delas”, reforça o professor.
Apesar dos constantes alertas e tentativas de conscientizar a população, Sergipe segue com a maior taxa de transmissão do país há mais de duas semanas. A média, conforme dados da plataforma 'Todos contra o Corona', está em 1,11 -- o que indica que 100 pessoas podem transmitir o vírus a outras 111. Em relação ao número de óbitos, segundo o professor Lyssandro, Sergipe registrou oito semanas consecutivas de estabilidade, com a média de quatro a cinco mortes por dia, mas, agora já alcança a marca de oito mortes por dia, com tendência de elevação.
“O que aconteceu foi que toda a equipe de saúde aprendeu a lidar com o paciente com covid. Hoje se sabe muito mais, é o que chamamos de cura de aprendizagem. Por isso está havendo menos mortes. Mas há tendência de aumento desse número, porque, para além disso, o tempo de internação de um paciente desse é de 20 dias de UTI, se todo mundo precisar de um leito desse, não vai ter”, alerta.
|Da redação do JC Online
||Foto: Josafá Neto/Divulgação UFS