O número de casamentos ocorridos em Alagoas registrou uma queda de 68,3% entre os meses de abril e julho - período em que o governo de Alagoas decretou isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus. De acordo com dados da plataforma de Transparência do Registro Civil, mantida pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), nesse período, foram realizadas 1.332 cerimônias, contra 4.212 registradas nos mesmos quatro meses do ano passado. Em julho, segundo o levantamento, foram realizados 435 casamentos no Estado, uma queda de 60,5% em relação aos 1.102 registros ocorridos no mesmo mês do ano passado. Apesar disso, julho - mês em que o decreto do governo de Alagoas permitiu a volta do funcionamento de templos religiosos - registrou uma leve alta de cerimônias em relação aos meses anteriores. Em abril, por exemplo, foram realizados 176 casamentos (no mesmo mês do ano passado haviam sido 857). Maio, popularmente conhecido como o mês das noivas, foram realizadas 415 cerimônias, uma retração de 72,3% em relação a maio de 2019, quando foram realizados 1.501 casamentos.
SONHO ADIADO
Emmanoeli Silva, de 22 anos, e Euller Aquino, de 26, são noivos e tiveram que adiar o casamento, devido ao aumento de casos da Covid-19 no estado. A cerimônia estava marcada para acontecer em março deste ano. “Decidimos noivar em março de 2017 e, a partir de lá, começamos a planejar nossa vida para podermos nos casar. Começamos a organizar o casamento no final de 2018, ao contratar alguns serviços. Porém, devido aos custos, tivemos que reduzir os gastos com coisas ‘desnecessárias’ para, assim, realizar a cerimônia do modo que sempre sonhamos. No entanto, a Covid-19 chegou e fez com que o plano fosse adiado”, contou ela. “Ficamos com medo que [casamento] fosse adiado, mas não chegamos a pensar que íamos ter que adiar de verdade, justamente porque o casamento aconteceria no final de março e, até então, estava tudo tranquilo em Alagoas. Depois foi que foram surgindo mais e mais casos e então rolou a decisão de adiar”. Emmanoeli contou a frustração de ter que adiar a cerimônia: “Adiar um casamento faltando praticamente dez dias para acontecer, quando se planejou aquele sonho por mais de um ano, é bastante frustrante. A gente passa tanto tempo sonhando com aquilo, planejando, e o que não deseja é adiar em cima da hora. No entanto, tivemos que pensar não só na nossa felicidade, como também em proteger os nossos familiares e amigos que estariam presentes na nossa celebração. Afinal, o vírus estava por aí circulando e não sabíamos quem poderia estar contaminado, afetando a saúde do outro posteriormente. A decisão de adiar foi a mais correta, pois não saberia lidar com a notícia de que algum convidado foi contaminado durante o meu casamento”, falou, que segue na expectativa para que o casamento aconteça o mais breve possível. “Minha expectativa é que os casos da Covid-19 diminuam e que em breve tenha a vacina. Que possamos, ainda, realizar o nosso casamento e realizar também outros sonhos que devido a pandemia precisaram ser adiados”, concluiu. Depois de planejar por um ano e meio todos os detalhes do casamento, a advogada Melanie Pereira e o empresário Jonas Santos escolheram cancelar a cerimônia de 18 de abril e remarcar para novembro, na Barra de São Miguel, no Litoral Sul de Alagoas. Segundo ela, a medida foi tomada pensando na saúde de familiares e amigos, mas principalmente dos convidados mais velhos, que já têm problemas de saúde e estão no grupo de risco. Com o adiamento, a advogada precisou, ainda, remarcar o espaço e os móveis já alugados, os serviços de buffet, decoração, cabeleireiro, fotografia, filmagem e até as aulas de dança que o casal fazia para se apresentar no casamento. “Nunca imaginamos uma situação como essa que estamos vivendo. Na nossa cabeça, o que poderia dar errado era chover no dia e não podermos casar ao ar livre, mas uma pandemia definitivamente nunca passou pela nossa cabeça”, contou. Como a cerimônia foi apenas adiada e os serviços já estavam pagos, o casal não teve prejuízo financeiro. A expectativa, agora, é que a disseminação da doença seja controlada para que o casamento consiga sair dos planos e se concretizar.