O projeto MonitoraCovid-19 é realizado por pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz). Eles alertaram que a divulgação de casos da doença pode apresentar mais de 50 dias de diferença entre o registro no sistema de saúde e a publicação nos boletins epidemiológicos.
Em diversos estados, como Amapá, Maranhão, Paraíba, Rio de Janeiro e Rondônia, os dados oficiais registraram o número máximo de casos da covid-19 até sete semanas depois de ele ter acontecido efetivamente. Isso significa que pode ter havido demora na tomada de medidas de saúde pública, prejudicando diretamente o combate à epidemia, alerta o estudo. O motivo do atraso são os resultados dos exames demoram a sair. Além disso, recentemente houve um aumento na quantidade de testes.
Os dados continuam entrando no sistema e a maior parte deles está sendo informada nos boletins estaduais. Quando os pesquisadores compararam os dois sistemas de dados de saúde, consideraram todos os casos de covid, desde a data informada pela pessoa como sendo o início dos sintomas, até a confirmação da doença. “Nos casos que foram confirmados, a gente está comparando a data do início dos sintomas com os dados que saem no boletim”, eles informaram.
Um dos infectologistas envolvidos na pesquisa afirmou que quando a capacidade e a velocidade de testagem aumentaram, essa defasagem começou a diminuir.
A defasagem nos dados, a baixa testagem e a demora para sair os resultados de testes pode ter influenciado de forma negativa as decisões para flexibilizar o isolamento social e a retomada das atividades. Os pesquisadores do Icict/Fiocruz recomendam aos estados que os gestores acompanhem mais de perto a data em que ocorreu o evento, a partir dos primeiros sintomas em diante, bem como a data do óbito, para que possam tomar medidas mais adequadas, sem que haja interferência da demora dos resultados.
Os pesquisadores da Fiocruz consideram que o acompanhamento dos dados sobre a covid-19 no Brasil são essenciais para a tomada de decisões sobre as políticas públicas e medidas de emergência. Porém, os dados possuem diversas variações em cada região do Brasil. Para eles, lidar com essas divergências é um dos maiores desafios para o combate à pandemia do novo coronavírus.