Com a concessão de crédito no total de R$ 17,2 bilhões no segundo trimestre do ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostrou um desempenho diferente do que vinha tendo até o início da crise econômica e social provocada pela pandemia de covid-19. O total liberado entre abril e junho é 247,8% maior do que o volume de crédito concedido no primeiro trimestre, como mostrou reportagem do Estadão. Essa variação marca uma interrupção no processo de redução de seu tamanho e de sua participação no mercado de crédito do País, iniciado no governo do presidente Michel Temer e mantido no do presidente Jair Bolsonaro, pelo menos até o início deste ano.
Foi expressiva a redução do saldo de operações de crédito do BNDES entre o fim de 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff, e o fim do ano passado, de R$ 633,4 bilhões para R$ 382,4 bilhões. Nas administrações chefiadas pelo PT, o banco estatal foi amplamente utilizado para o apoio a empresas escolhidas pelo próprio governo, que o lulopetismo pretendia transformar em “campeãs nacionais”, e para sustentar políticas equivocadas de estímulo à produção que deveriam gerar empregos e aumentar a arrecadação tributária, mas, no fim, resultaram em ganhos para seletos grupos privados.
Ao mesmo tempo que procurava limpar o BNDES de operações dessa natureza, o governo vinha procurando ampliar o espaço para os bancos privados no mercado de crédito. A pandemia, que fez crescer a demanda por crédito, mas também aumentou o risco de inadimplência – e limitou a disposição dos bancos particulares de oferecer empréstimos –, trouxe uma situação nova. Daí o BNDES ter liberado mais créditos nos últimos meses.
Seu foco tem sido as empresas pequenas e médias, as mais vulneráveis à crise decorrente do isolamento social e com menos acesso ao crédito bancário, na comparação com as empresas de maior porte.
A União deverá aumentar em até R$ 20 bilhões sua participação no Fundo Garantidor para Investimentos, gerido pelo BNDES, para a cobertura de operações contratadas por empresas com receita bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões por meio de uma linha de crédito emergencial.
Outras ações voltadas para empresas menores que já estavam em estudo pela instituição deverão ser colocadas em prática depois da pandemia.